Prestes a completar 20 anos, a sigla é cada vez mais comum entre as empresas. Mas muitas pessoas ainda não têm ideia de sua importância para as nossas vidas.
A sigla ‘ESG’ vem ganhando cada vez mais espaço e, principalmente, importância entre as empresas, sobretudo nas grandes corporações. De acordo com o Google Trends, ferramenta que mostra o volume de buscas sobre um determinado assunto no buscador, em maio, o interesse pelo ESG atingiu o nível mais alto em 19 anos, mostra esta reportagem do Estadão.
A mesma matéria, porém, traz um dado preocupante. Segundo uma pesquisa feita pelo Grupo Boticário em parceria com o Instituto Locomotiva, chamada ‘Dossiê ESG’, dois em cada três brasileiros nunca ouviram falar da sigla. Mas, quando o conceito é explicado aos entrevistados, o cenário muda: mais de 85% consideram o tema importante ou muito importante.
O que, afinal, as três letras do ‘ESG’ significam para ganhar tanto valor quando são ‘traduzidas’ para as pessoas? E por que as empresas estão a cada dia mais envolvidas nessa agenda, estabelecendo uma estratégia ESG com objetivos, metas e métricas bem definidas?
Ambiental, Social e Governança
‘ESG’ é uma sigla que reúne os termos environmental, social e governance. Traduzindo, estamos falando de ‘ambiental’, ‘social’ e ‘governança’ – por isso, no Brasil, não é incomum encontrar quem use o termo ASG, uma adaptação da sigla original para a língua portuguesa.
Assim, o ESG reúne critérios usados para avaliar o desempenho ambiental, social e de governança de uma empresa, organização ou instituição. Esses critérios são considerados pelos investidores e partes interessadas – os chamados stakeholders – para medir a sustentabilidade e a responsabilidade corporativa das companhias.
A estratégia ESG é assim dividida:
- Ambiental (Environmental): Avalia o impacto das atividades da empresa ou organização no meio ambiente. Isso inclui práticas de conservação da natureza, gestão de resíduos, emissões de gases de efeito estufa e uso eficiente de recursos naturais.
- Social: Analisa as relações da empresa ou organização tanto internamente, com seus colaboradores, quanto externamente, com clientes, comunidades onde opera e com a sociedade em geral. Isso inclui temas como diversidade e inclusão, saúde e segurança do trabalho, direitos humanos e responsabilidade social.
- Governança: Refere-se a políticas, processos, estratégias e orientações de administração das empresas e organizações. A governança inclui conduta corporativa; práticas anticorrupção; existência de canais de denúncias para casos de discriminação, assédio e corrupção; auditorias internas e externas; respeito a direitos de consumidores, fornecedores e investidores; e transparência na prestação de contas; entre outros.
Quando o ESG surgiu?
O termo ESG foi criado em 2004. Ele foi citado no relatório ‘Who Cares Wins’, feito pelo Pacto Global, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) cujo objetivo é engajar empresas e organizações na adoção de princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção, em parceria com o Banco Mundial. Na publicação, o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, provoca 50 presidentes de grandes instituições financeiras sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais, explica esta reportagem do Valor.
No mesmo período, a Iniciativa Financeira do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP FI) lançou um relatório, encomendado a um dos maiores escritórios de advocacia do mundo, o Freshfields Bruckhaus Deringer. A publicação analisa a importância da integração do ESG como uma forma de avaliar financeiramente uma empresa.
Desde então, a sigla ‘ESG’ passou a ser usada no lugar de ‘sustentabilidade’ em diversos fóruns de discussão, relatórios e pesquisas. Assim, embora não seja de fato um sinônimo para sustentabilidade, ‘ESG’ se tornou um modo de se referir àquilo que empresas e organizações estão fazendo para serem socialmente responsáveis, ambientalmente sustentáveis e corretamente administradas.
Por que o ESG é tão importante?
Os objetivos do ESG, portanto, são reduzir os riscos socioambientais que podem impactar os negócios, promover práticas sustentáveis, melhorar a reputação das empresas e contribuir para o desenvolvimento sustentável. Para as companhias e instituições, pode gerar vantagens competitivas, maior atratividade para investidores e melhor gestão de riscos.
Mas, acima de tudo, ESG é uma estratégia para as empresas pensarem além dos lucros financeiros. Por meio dessa agenda, as companhias passam a prestar atenção no impacto que têm no meio ambiente, nas pessoas e na sociedade em geral.
Ao adotar práticas mais sustentáveis, éticas e responsáveis, as empresas podem contribuir para um mundo melhor, mais equitativo e sustentável. Ao mesmo tempo, as companhias criam valor para seus investidores, funcionários e comunidades.
Enfim, o ESG é como uma bússola que ajuda as empresas a navegar de forma mais consciente pelos desafios do mundo atual. Desafios estes que englobam necessidades cada vez mais urgentes, como a preservação ambiental, a inclusão social e o respeito às diferenças entre as pessoas.
